sexta-feira, 29 de julho de 2011

Um lago que parece mar

No meio da avenida, em El Alto, pegamos o ônibus para Copacabana. Diz a lenda que a cidade tem esse nome por causa de Nossa Senhora de Copacaba, a santa dos navegantes. Essa mesma santa, posteriormente, também seria motivo para batizar a praia carioca com o mesmo nome.

No meio do caminho, sem muitas explicações, tivemos que descer do ônibus e pegar um pequeno e precário barco para atravessar um estreito do lago. O ônibus atravessou em balsa. Ventava forte e frio naquele dia, nos entregaram coletes salva-vidas e eu disse "com esse frio e essa água gelada, afogada é que eu não morrer, e sim congelada!".

Logo chegamos na outra margem e seguimos viagem. Em algumas horas chegávamos em Copacabana. Ficamos num hotel que custou praticamente o mesmo preço de um hostel para casal, mas com qualidade superior: calefação no quarto, um ótimo café da manhã e uma vista incrível para o lago Titikaka!

No dia seguinte pegamos o barco rumo à Isla del Sol. São 3 horas de viagem. A sensação é de que estamos num oceano, o lago é imenso!

Chegando na Ilha do Sol, o posto de informações turísticas estava fechado e não sabíamos que caminho seguir para ver as ruínas e pegar a trilha. Seguimos um pessoal e chegamos perto de um museu. Lá eram vendidos ingressos que dão direito a seguir na trilha e ver as ruínas.

Foi uma das caminhadas mais gostosas e bonitas que já fiz. O trajeto é suave e você vai beirando o lago, avistando praias que até parecem de mar! Com um azul intenso e verdes brilhantes...se não fosse a vista dos picos nevados ao fundo, pareceria muito uma praia tropical! E o sol brilhava , justificando assim o nome da ilha.

Quase no final chega-se ás ruínas: mesa de sacrifício, pedra sagrada, e o labirinto.

É possível pegar outra trilha e seguir para a parte sul da ilha. Preferimos voltar de barco, pois seria corrido voltar caminhando. A parte sul da ilha não tem quase nada para ser visto, ainda mais com pouco tempo. Aproveitamos para comprar artesanatos locais.

A volta de barco foi tensa, quase perto de chegarmos tinha muitas ondas, o tempo estava ficando fechado, quem estava em cima do barco teve que descer e ficar na parte inferior. Quem costuma enjoar é bom levar algum remédio.

No mesmo dia, fim de tarde, conhecemos a charmosa igreja da cidade, onde está a padroeira, e fechamos um pacote para no dia seguinte irmos para Puno, Ilhas flutuantes de Uros e passagem para Arequipa.


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Tiwanaku

Seguimos para Tiwanaku, que fica a algumas horas de La Paz.
No caminho se descortinam lindas paisagens, uma planície imensa e dourada, com os Andes nevados ao fundo.



Em Tiwanaku (ou Tiahuanaco) desenvolveu-se uma civilização de mesmo nome, que precedeu os Incas. Eles construíram templos, observatórios astronômicos, sistemas de drenagem e esculturas em monolitos que até hoje impressionam. Claro que muitas dessas obras estão hoje destruídas, tanto pela colonização espanhola que arrasou muita coisa, como a própria exposição ao clima e o passar do tempo. Apesar disso, ainda é possível observar parte do legado que hoje está protegido.

A visita iniciou-se pelo museu, onde a guia nos apresentou a localização geográfica das principais civilizações pré-colomianas nas diversas regiões da Bolívia: Cordilheira, Altiplano,Vale e Selva.

Em seguida apresentou a ordem cronológica das civilizações com os principais avanços em cerâmicas, tecidos, construções e técnicas agrícolas. Foi incrível descobrir que há tantos séculos os Tihuanacos já desenvolviam formas de cultivos resistentes ao frio rigoroso, mesclavam espécies vegetais, chegando a ter milhares de tipos de batatas e centenas de variedades de milho. Até hoje é possível experimentar um pouco dessa diversidade na culinária local.

Depois seguimos para o principal templo de Tiwanaku, no qual eram realizadas observações astronômicas. Ao subir no local você já sente algo diferente, uma tranquilidade. Dizem que é por causa da energia magnética que existe ali, mas talvez seja pela paisagem e pelo silêncio. Seja como for, essas construções sempre mexem com quem as visita.






Vimos a Porta do Sol, com várias gravuras em relevo que até hoje não tem uma difinição exata de seu significado. Alguns dizem ser um calendário, outros dizem que conta a história do Deus Sol - Viracocha...

De lá fomos almoçar - carne de lhama - gostoso, diferente, suave. Entretanto, não se avistam lhamas nas redondezas...os campesinos hoje preferem criar gado.

Depois do tour, descemos em El Alto, pegamos o ônibus para Copacabana, cidade à beira do lago Titikaka.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Desmistificando a Bolívia

Nestas férias de julho fiz a tão planejada viagem Bolívia-Peru.
Tinha vontade de realizar o roteiro há muitos anos, mas apenas de alguns tempos pra cá pesquisei de verdade, e finalmente este ano pude ir!
Antes eu planejava a viagem como a maioria das pessoas: pensando que a Bolívia seria apenas um caminho para chegar ao Peru e às ruínas de Machu Picchu - grande erro!!!
A Bolívia revelou-se um país interessantíssimo e intrigante, com paisagens muito belas, contrastes sociais e grande diversidade e riqueza cultural.

Fui de avião até La Paz - muito frio!
Desmistificação n°1- soroche, o mal da montanha: dizem por aí que ao chegar em La Paz, principalmente quem não vai por terra, sente imediatamente os efeitos da altitude, a falta de ar, palpitações, entre outros. Uma passageira disse que pessoas até desmaiam de repente!...balela...O que realmente ocorre é que para um esforço leve que no Brasil você faria facilmente, lá parece que foi um esforço maior.Você fica, na realidade, bem mais cansado. Mas isso dá para ir se adaptando com o tempo.

Desmistificação n°2 - chá de coca: dizem que ajuda a combater o mal da montanha, uns dizem que ajuda a dormir melhor, outros já tomam para acordar...fato é que como qualquer chá quentinho no frio, você pode se sentir um pouco relaxado, nada diferente do que qualquer chá de erva doce ou mate poderia fazer. Ah, e o gosto não tem nada de mais, principalmente adicionando um pouquinho de açúcar.

Andar por La Paz é perceber como as pessoas mantém suas raízes culturais: é muito comum ver descendentes indígenas andando pelas caóticas ruas com suas roupas coloridas e levando os filhos amarrados por panos nas costas... Ao mesmo tempo existe a população mais jovem, com roupas da moda, e os carros circulando loucamente nas ruas.
Fomos para o Valle de La Luna de táxi. Ao voltar pegamos um ônibus local: nunca andei em um ônibus tão apertado. O teto é super baixo, então quem tem uma estatura mais mediana no Brasil, lá na Bolívia vira gigante, e tem que voltar todo corcunda no ônibus...rs

Uma dica: compre o boleto turístico de museus no "Costumbrista", que te dá o direito de visitar quatro museus. É muito interessante, se aprende bastante não só sobre civilizações pré-colombianas, mas também sobre a história mais recente da Bolívia. Fiquei impressionada em como a história deles é bem parecida com a nossa, tem até um "Tiradentes" alvo de traidores...

De lá seguimos para Tiwanaku e depois para o lago Titikaka...